17/12/2013

O VEXAME DO FLU EM 1998 E EM BUSCA DO BI DA SÉRIE C

EM VÉSPERA DE COPA DO MUNDO, E NO BRASIL, O FUTEBOL BRASILEIRO CAUSA PÂNICO ENTRE CLUBES E VÂNDALOS METIDOS A TORCEDORES.

Se disputar a Série C é ser time grande, o Santa Cruz supera o Flu e muitos outros clubes, pois já teve na Série D.
Veja as manobras do Fluminense e da CBF para livrar o time das laranjeiras de
maiores decepções. Se o que aconteceu lhe parecer pouco.  

Campeão brasileiro em 2012, o Fluminense foi rebaixado para a Série B um ano depois. Muita gente torcia pela queda tricolor desde 2000, quando o time apareceu no módulo azul da Copa João Havelange, equivalente à primeira divisão nacional – certamente você já ouviu aquela história de “pague a Série B”, independente de torcer para o Flu ou não.
Naquela ocasião, Fluminense e Bahia foram “resgatados” à elite nacional, mesmo sem conquistarem o acesso na Série B de 1999. O Bahia, é bem verdade, andou penando entre a segunda e a terceira divisões nacionais desde então, até retornar à Série A. O Fluminense, porém, desde que voltou à elite, manteve-se na primeira divisão, escapando da queda em 2009 e conquistando duas vezes o título com méritos (2010 e 2012).
Não se pode esquecer que, apesar da mágoa (na falta de expressão melhor) de torcedores rivais, o Fluminense já jogou a Série B em 1998. Depois de escapar da queda em 1996 (ao lado do Bragantino) após uma manobra da CBF, o time das Laranjeiras não escapou no fim de 1997. Assim, jogou segunda divisão nacional no ano seguinte, e ainda caiu para a Série C naquele ano. Foi uma temporada que o torcedor tricolor não apenas prefere esquecer, como espera passar longe de repetir em 2014.
No final da década de 90, em uma época de muita instabilidade na justiça desportiva, o Fluminense foi campeão da terceira divisão nacional de 1999 e reiniciou sua escalada. Antes disso, porém, deu vexame na Série B: derrotas em pleno Maracanã, sequência sem vitórias e até ameaça de tapetão marcaram a Série B do Fluminense. E que deixaram uma lição: que o acesso venha logo em campo, independente se o torcedor esperou ou não pelo pagamento da “dívida” do Fluminense na segunda divisão nacional.
Em 1998 foi assim...
A Série B daquele ano de 1998 contava com 24 times, divididos na primeira fase em quatro grupos com seis times cada um. Em cada chave, os times se enfrentavam em dois turnos (ida e volta), somando dez jogos cada. Ao final desta primeira fase, o pior colocado de cada chave era automaticamente rebaixado para a Série C de 1999, assim como os dois piores vice-lanternas. Contabilizavam-se assim seis rebaixados.
O Fluminense estava no Grupo D, ao lado de ABC (RN), CRB (AL), Joinville (SC), Juventus (SP) e Paysandu (PA). Mesmo favorito, o time carioca iniciou a competição com um elenco bastante irregular – destaque para o goleiro Ronaldo (ex-Corinthians), para o lateral direito Bruno Carvalho e para os atacantes Marco Brito e Magno Alves – e pareceu subestimar os adversários. Os resultados não demoraram a aparecer.
Logo na primeira rodada, em 2 de agosto, o Flu recebeu o ABC no Estádio do Maracanã e perdeu por 3 a 2, em jogo no qual o time potiguar abriu 3 a 0. A torcida chegou confiante ao estádio, mas os gols de Ivan, Luiz Fernando e Serrinha minaram a empolgação tricolor – Marco Brito e Roni descontaram depois.
Na rodada seguinte, o time carioca foi a Osasco (SP) para enfrentar o Juventus e perdeu de novo, 1 a 0, em jogo marcado pela forte chuva na Grande São Paulo. Ponto, a equipe das Laranjeiras só foi somar na terceira rodada, ao empatar por 1 a 1 com o Paysandu, no Maracanã. Neste momento, não sem surpresa, o Fluminense já era lanterna da chave, atrás do Juventus (3 pontos) e do próprio Paysandu (4 pontos).
O cenário não melhorou nas rodadas seguintes, com outros dois empates: 2 a 2 com o CRB em Maceió e 2 a 2 com o Joinville no Maracanã – o Flu vencia os catarinenses por 2 a 1, mas Roger cometeu pênalti bobo no segundo tempo e Clóvis converteu. Terminado o “primeiro turno” da primeira fase, o Fluminense não tinha vencido nenhum adversário da Série B, e o rebaixamento para a Série C começava a se desenhar como uma ameaça real.
A expectativa era de reação no segundo turno para escapar do vexame, e a reação veio: na sexta rodada, o Fluminense venceu o Joinville fora de casa por 2 a 0 e ganhou fôlego para continuar sonhando com o acesso. No entanto, um novo empate na sétima rodada (0 a 0 com o CRB na Rua Bariri) esfriou os ânimos tricolores. Pior: na oitava rodada, o Fluminense foi ao Estádio Baenão e perdeu para o Paysandu por 2 a 0, com direito a falha da zaga que terminou com gol de Zé Augusto para a equipe paraense.
A situação passou a ser desesperadora. Neste momento, o Fluminense passava a depender de uma combinação de resultados nas últimas duas rodadas para escapar da degola. Na nona rodada, o time recebeu o também ameaçado Juventus e voltou a vencer: 2 a 0, graças a gols de Branco (que jogou com uma lesão no tornozelo) e Magno Alves (que aproveitou cruzamento de Roni e fez de cabeça).
Na última rodada, o Fluminense precisava de um milagre para escapar. Na liderança da chave, Joinville, ABC e Paysandu disputavam a primeira posição, com 14 pontos cada; CRB (13 pontos), Fluminense (10) e Juventus (6) vinham atrás. Ao Flu, restava venceu o ABC em Natal e torcer para o Juventus derrotar o CRB em São Paulo.

Em 6 de outubro de 1998, na Rua Javari, um empate por 0 a 0 selou a queda juventina para a Série C e a classificação regateana para a segunda fase da Série B. Enquanto isso, no Estádio Machadão, o Fluminense protagonizava um vexame inédito: empate por 1 a 1 e nova queda. Geraldo abriu o placar para os abecedistas, enquanto Branco empatou em cobrança de falta – lance polêmico, no qual a bola não teria cruzado a linha do gol defendido por Sílvio. Sérgio Alves ainda teve a chance de marcar no fim, mas a zaga tirou a bola em cima da linha.
Ao fim do jogo, o técnico Sérgio Cosme viu a queda como uma “lição” à administração, enquanto o presidente David Fischel descartava a participação na Série C de 1999 – nas palavras do dirigente, era “impossível o Fluminense jogar um campeonato da terceira divisão”, pela falta de retorno (financeiro) e pela desmotivação da torcida.
A virada de mesa esperada por Fischel, porém, não aconteceu. Em 1999, o Fluminense esteve na Série C. Desta vez, porém, conquistou os resultados no campo e faturou o acesso para a Série B sem tapetões. “Promovido” para a elite em 2000 para a disputa da Copa João Havelange, o time “pulou” a segunda divisão, o que sempre gerou protestos de torcedores de Flamengo, Botafogo e Vasco.
A Série B de 1998
Ao fim da primeira fase, a Série B daquele classificou 16 times para a segunda fase: Remo (PA), Desportiva (ES), Londrina (PR), União São João (SP), Botafogo (SP), Santa Cruz (PE), Criciúma (SC), Vila Nova (GO), XV de Piracicaba (SP), Ceará (CE), Tuna Luso (PA), Gama (DF), Joinville (SC), ABC (RN), Paysandu (PA) e CRB (AL). Além do Fluminense, caíram Atlético (GO), Náutico (PE), Volta Redonda (RJ), Americano (RJ) e Juventus (SP).
Na segunda fase, os 16 times foram distribuídos em confrontos de mata-mata, nos quais se classificaram oito equipes para a terceira fase. Desta vez, avançaram Gama, Desportiva, Criciúma, XV de Piracicaba, Botafogo-SP, Londrina, Joinville e Paysandu. Os classificados foram então divididos em dois grupos de quatro times cada, nos quais se enfrentariam em jogos de ida e volta.
Desta vez, passaram Gama, Desportiva, Botafogo-SP e Londrina. Os quatro foram para o grupo único da quarta fase, no qual se enfrentaram mais uma vez “todos contra todos” em ida e volta. Melhor para Gama e Botafogo-SP, respectivamente campeão e vice, que eliminaram Desportiva e Londrina e alcançaram a Série A de 1999.

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